quarta-feira, 6 de março de 2013

Os noruegueses do interior



Sabe aquele papo quebra gelo que as pessoas costumam puxar ao saber que a pessoa não é dali?
Se estamos no Rio e te apresentam uma pessoa do Sergipe, voce tende a perguntar alguma coisa, fazer a pessoa se sentir levemente querida, especial, ou coisa que o valha. Pois é, aqui nao tem isso. Ninguém está nem aí se você é da China, do Marrocos ou do Brasil. Não sei se isso acontece pela grande quantidade de imigrantes que tem aqui, se é por falta de tato e educacão, timidez... realmente nao sei. Pra mim soa extremamente mal educado você não se interessar nenhum pouco pelo outro. (Juro que nao sofro dessa doenca de brasileiro, que se acha a última bolacha do pacote, e que o Brasil é o melhor lugar do mundo. Se eu achasse isso ainda estaria por lá.)
 Mas nao entendo qual o problema em tentar ser levemente gentil. A explicacão mais usada é a da timidez, já que eu moro no fim do mundo. Moro numa vilinha no interior onde todo mundo se conhece. Mais uma dúvida, já que todo mundo se conhece, porque nao praticar a gentileza e  porque não solidariedade? Palavra cafona, tudo bem, mas tudo que eu sabia, esperava ou imaginava sobre a sociedade em cidades pequenas não se aplica a uma cidade pequena na Noruega. Ninguém quer saber de você e pronto.

Lendo Peer Gynt achei isso


...- "fora de si?! O senhor esta inteiramente enganado. Todos aqui estão em si mesmos, lancando seu próprio eu aos mares, com todas as velas estufadas. Cada um se fecha em si mesmo como se fosse um barril, mergulha em si mesmo como um poco, fecha-se hermeticamente com a tranca de si mesmo, entra em fermentacão com o levedo de si mesmo. ninguém tem lágrimas para as dores dos outros. Somos nós mesmos até a medula dos ossos. "...



Henrik Ibsen, Peer Gynt




Peer Gynt levando um esporro da mãe


Peer Gynt é um clássico norueguês, Até onde entendo é um personagem querido, mesmo tendo sido um puta dum egoísta. Mas era um egoísta com medos e que foi perdoado no final. Será que é por isso que ele é querido?

Quem puder me iluminar eu agradeco.
Nao faz sentido um povo que é orgulhoso pelo sentimento igualitário do povo (ninguém é melhor do que ninguém), regidos por um sistema socialista que funciona e divide recursos de maneira inteligente e para todos DE VERDADE, porque eles admiram tanto o Peer Gynt?
Talvez eu tenha que reler, ou ler uma traducaão melhor. Não sei. Juro que não entendi.

Mas eu estava escrevendo sobre o pessoas daqui de onde eu moro e acabei indo pro Peer Gynt. 
As pessoas sao muito ok, elas sorriem pra você, te tratam cordialmente. Não é nada horroroso, mas não entendo o que que elas fazem da vida. Exemplo.. quando meu filho nasceu eu participei de um grupo de mães que tiveram filho no mesmo mês.  É uma iniciativa do posto de saúde, para as mães conversarem sobre assuntos que teoricamente interessariam a todas etc etc. Achei legal e fui. Beleza, nao esperava nada de muito profundo, só uma coisa pra passar o tempo. Mas lá eu descobri que as mulheres daqui socializam fazendo encontros pra vender tupeware. Não, não é brincadeira. Me senti nos anos 50. Um bando de mulheres sentadas num mega sofá, tomando café e comendo sanduíches e bolinhos ouvindo a representante da tupeware bostejar sobre as qualidades dos potes de plástico com tampas que nao vazam.

ps, esse encontro aconteceu fora do grupo de mães, era um grupo de pessoas normais. No caso, MULHERES.

Também tem a versão VELAS. Elas se encontram, sentam num mega sofá, tomam café e comem sanduíches e bolinhos ouvindo a representante da party lite bostejar sobre as qualidades das VELAS produzidas pela empresa. Tem as velas com cheiro disso e daquilo, as velas maiores, as menores, as quadradas, as triangulares.... 

Tem também a versão Casa interior , que se resume a mesmissima coisa, só que vendem cortinas, prateleiras, potes para voce colocar as velas da party lite...
Pra quem conseguiu a facanha de se interessar pelo assunto

http://www.partylite.no/

http://www.casainterior.no/

Se puderem por favor me iluminar e me fazer interessada em potes de plástico, velas e cortinas agradeco.
Taí assuntos sobre os quais eu não tenho absolutamente NADA a dizer. Nem de leve. Pote de plástico, vela e cortina. Putamerda! 
Dureza.



6 comentários:

  1. Respostas
    1. vai rindo Patricia!
      daqui a pouco chega a sua vez de fazer cara de paisagem nesses encontrinhos femininos! B)

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  2. Tem tambem de maquiagem, esse eu ja fui, foi na casa da minha sogra, ela sempre faz, mas eh bem animado, fui duas vezes, antes e depois da mostra de maquiagem as senhorinhas batem papo, sao bem animadas. E tem de uns produtos naturais suecos, acho que sao suecos, nao lembro o nome, mas vende no Brasil tambem, tem uns cremes de aloe vera bem populares e bem caros. Ja fui convidada pra dos plasticos, que sao bem caros e eu nao preciso deles, mas fugi do convite.
    Continue escrevendo, to adorando seu blog.
    Beijo

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  3. :D
    creminho eu atè animo!
    :D

    mas voce nao se sentiu meio "forcada" a comprar as coisas nao?

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  4. Menina, nunca fui convidada pra esses encontrinhos... hahahaha Gracas a Deus! IMAGINA! rsrsrrs Agora, eu acho q existe diferenca dos noruegueses daqui da área Oslo pro pessoal mais pro Norte, por exemplo... O pessoal daqui tem um estilo comprado, sabe? Não todo mundo, óbvio. rsrs Mas o pessoal do interior, é mais fofoqueiro (ou curioso, como eles preferem assim dizer). Perguntam de tudo um pouco, só faltam perguntar seu RG e CPF! kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

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  5. Interessante, texto antigo claro mas vou comentar mesmo assim, eu me identifico com os noruegueses, apesar de brasileiro sou exatamente como vc reclamou dos noruegueses, pra mim não é nem falta de educação e nem só timidez, é também introversão, e talvez até cultural já que se trata de um lugar onde as pessoas crescem vendo esse comportamento a sua volta, sinceramente eu acho falta de educação o oposto (que é o que acontece no Brasil), pessoas invadindo a minha privacidade, fazendo perguntas e mais perguntas ou puxando papo do nada sem nem ao menos saber meu nome, claro que pra saber meu nome tem que conversar, mas acho que tudo tem a hora e local certo, não é assim na rua do nada, sabe aquela pessoa que passa por vc na rua e te da oi mas nem te conhece, ou puxa papo no ponto de onibus? Eu ignoro, não gosto, não conheço a pessoa, não desejo mal pra ela, mas tbm não quero o bom dia de um estranho. Isso para qualquer brasileiro é falta de educação da minha parte, o que as pessoas esquecem de ver é que existem os dois lados da moeda, não ignoro por complexo de superioridade já que não sou melhor que ninguém, eu apenas vejo e me sinto de outra forma. Cada um com seus hábitos.

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